MANIFESTO DAS ÁGUAS
Prof. Ronaldo
Eu sou a água.
Sou gota, sou partícula, sou vapor vivo, que existe desde o princípio do planeta.
Sou o presente, um presente que encerra o seu futuro; me encontro nos pólos, sou um Deus: eu sou Apolo.
Formo oceanos e mares, invado seus lares e assim como entrei, saio, fujo e novamente me traio e volto a te encontrar, escorrendo pelos dedos, nas juras, nos segredos.
Estou em tudo e você finge me ignorar. Estou na pia batismal, nas margens do Jordão, na força do Amazonas e na purificação da sua alma lavada.
Sou a essência de vida, sofrida, distante de tantas e sou também o anjo da morte; então porque ainda se espanta quando em momentos de pura rebeldia dou a vida e a tiro apenas por capricho.
Sinto a sua sede, quando me bebe, quando atiras em mim suas redes para extrair seu sustento sem se importar comigo.
Sou berço das civilizações e, hoje alvo de tantas ações impensadas, sou maltratada por populações exacerbadas, soberbas, donas de si, sem possuir nada.
Sou a alegria e sou a tristeza, sou o prazer e a angústia, pois tudo isso é reflexo do que me fazes.
Grito através de tantas vozes velozes, de uma multidão muda que mesmo sofrendo não muda hábitos e opiniões.
MANIFESTO DAS ÁGUAS
Prof. Aguinaldo
Começo do fim
Mato tua sede
e em troca
tu me matas.
Tua ignorância e indiferença
Diante das coisas de que necessitas
Intriga-me
Como pode?
Devo te chamar de racional?
Fazes discursos e canções em meu nome
Enalteces minha importância
Dizes que sou vida
Mas depositas em mim
toda a sujeira
(até mesmo da tua alma)
Como pode?
Devo te chamar de humano?
Ah! Hoje não,
não quero que me use
em teus discursos vazios
tuas campanhas
Beba-me simplesmente
enquanto pode
Sei que já lavaste as mãos para o futuro
Em tudo que tocaste
deixaste tua marca
selaste tua sorte
Como pode?
Devo te chamar de homem?
Sou a água
tenho cheiro, tenho cor, tenho gosto
corre a morte da minha nascente
veja o fizeste comigo!
Como pode?
Devo te chamar de gente?
